segunda-feira, 28 de abril de 2014

Anestesia que subiu para a cabeça - Parte II



Que bom, que maravilhoso
Fui a minha casa dormir
Me acordei no outro dia
Alegre e sempre a sorrir
Sentindo-me muito bem
Sem nada pra me agredir.

No segundo dia não fiz
De nada que me adoeça
Passei a sentir muita dor
Bem em cima da cabeça
Eu comecei a pedir a Deus
Que a dor não me enlouqueça.

Fiquei em casa deitada
Analisando o sintoma
Deitada não sentia nada
De pé, oh! como a dor reclama!
Quando eu tossia mais me doia
Completando este axioma.

No terceiro dia pensei
Com meu médico falar
Pra me dar uma solução
Também para me explicar
Como é que a anestesia foi
Para a cabeça parar?

Disse-me que na coluna
Há um líquido protetor
Que sobe para a cabeça
E age como defensor
Envolvendo nosso cérebro
Para que não sinta dor.

Seu nome nos livros é líquor
Sendo também proteção
Para pancadas e acidentes
Do mar, da terra e do avião
Mas quando do corpo sai
Uma dor faz evolução.

Para cada 100 pessoas
Apenas duas sentem dor
Só que para estas poucas
São momentos de pavor
A mulher tem mais que o homem
Vou reclamar com o Criador.

Quando esta dor aparece
Sem nem anunciar seu nome
Todos ficamos sofrendo
Com esta dor que nos consome
Se levantar a bicha pega
E se deitar, a bicha some.

O anestesista me achou
Uma mulher bem machona
Me dando explicações
Fazendo tudo vir a tona
Depois me prescreveu
Cafeina com dipirona. 

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Anestesia que subiu para a cabeça - Parte I



Deus fez todos os animais
A mulher veio da costela
Mas tudo de ruim no corpo
Parece ter vindo com ela
Quando Adão descobriu o amor
Quase que se descabela.

Vou contar vocês a estória
Antes que dela eu me esqueça
De uma mulher dentre outras
Que embora não mereça 
Sofreu com bastante dor
Bem no alto da cabeça.

Eu só poderia contar isso
Porque aconteceu comigo
Se eu não fosse pessoa crente
Acharia que foi castigo
Sendo bem orquestrado
Pela obra e ação do inimigo.

Finalmente chegou a hora
Daquele esperado dia
Tão necessário pra mim
Pra um joelho que me ardia
Eu rezando sempre em casa
Pra me sumir a covardia.

Já lá no centro cirúrgico
Se aproximou uma pessoa
Usando verde e com máscara
Parecendo ser um coroa
Me dando mil explicações
Querendo me deixar boa.

Depois que fingi entender
Calado me pôs sentada
Furando minha coluna
Fui ficando toda suada 
Quando eu fiquei um pouco mal
Já me puseram deitada.

Perguntei depois para ele
Como tudo ali corria
Ele foi pedindo calma
Era raquianestesia
Que d'ali a poucos instantes
Nada mais eu sentiria.

Ele foi dando um remédio 
Passei um tempo dormindo
Quando dei conta de mim
O doutor estava saindo
Me vestiram bem ligeiro
Para casa fui partindo.

domingo, 13 de abril de 2014

O Raposo e o Bode




Seu Raposo já bem vivido
Foi com o Bode caminhar
Por muitos era conhecido
Pela arte de enganar
Ninguém o considera amigo
De tanto vê-lo aprontar.

Durante esta caminhada
Eles encontraram um poço
Como a sede era gigante
Pularam sem fazer esforço
Bebendo água a se fartarem
No final veio um alvoroço.

- E agora!? Amigo Raposo,
Como nós iremos fazer?
Se ficarmos um tempo aqui
Iremos nós dois morrer.
Tu tens alguma solução
Para isso resolver?

- Oh! Querido amigo Bode
Eu tenho uma sugestão
Tu podes usar os teus chifres
Para me dar um empurrão
Assim que eu sair d'aqui
Te pegarei pela mão.

E assim os dois fizeram
Conforme foi combinado
O Bode fez muita força
Sendo o Raposo empurrado.
Quando se deram por conta
Raposo já tinha pulado.

Seu Raposo fez um gesto
De quem d'ali iria embora.
O Bode quando viu a cena
Fez uma cara de quem chora
Ai pensou neste momento:
"Eita! O que vou fazer agora?"

- Raposo, pra onde tu vais?
Perguntou ele com surpresa
E o Raposo respondeu:
- Amigo, gostou da proeza?
Tu devias pensar nisso
Antes de iniciar a empresa.

E seu Bode ficou pensando
Que mereceu seu castigo
Porque teve confiança
Em quem se fez de seu amigo
Quando na verdade foi
Um meio amigo ou seu inimigo.

Qualquer amizade requer
Entre os amigos a lealdade
Deixando que a convivência
Revele as dificuldades
Por mais que surjam problemas
Ficará a cumplicidade.

Este causo é mais uma fábula
Que ressalta o fingimento
Existindo em alguns
Como forte sentimento
Contada por La Fontaine
Pra nosso divertimento.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

- RICO OU POBRE, O CEMITÉRIO RECEBE DO MESMO JEITO.





A dor que ensina a viver
Pode provocar sequela,
O vento que apaga a vela
Também ajuda acender,
Um rio depois de encher
Termina perdendo o leito,
Tem tudo o mesmo conceito
Depois de levado a sério
- RICO OU POBRE O CEMITÉRIO
RECEBE DO MESMO JEITO
(Pedro Ernesto Filho)

Quem enaltece a vaidade
E se veste de arrogância
Não sabe da relevância
D’uma vida de verdade,
Pois a lei na realidade
Abrange qualquer sujeito
Morte não tem preconceito,
E não sei se tem critério
- RICO OU POBRE, O CEMITÉRIO
RECEBE DO MESMO JEITO.

(Dalinha Catunda)

Eu sempre me perguntei
Se quando alguém morria
O que era que acontecia
Com o tal fulano, não sei
Procurando muito, achei
Que para qualquer sujeito
Nascido bom ou com defeito
Não existe nenhum critério
- RICO OU POBRE, O CEMITÉRIO
RECEBE DO MESMO JEITO.

Seja rico ou seja pobre
Passa por essa mesma vida
Vivendo com sua medida
Do seu jeito único e nobre
Mas quando morre descobre
O destino do sujeito
Seja cidadão ou prefeito
Deixando de ser mistério
- RICO OU POBRE, O CEMITÉRIO
RECEBE DO MESMO JEITO.

Nós só temos uma certeza
É que a vida tem um norte
Que nos leva para a morte
Faz parte da natureza
E nisso temos clareza.
No mundo qualquer sujeito
Tem tudo o mesmo direito
Não se fazendo mistério
- RICO OU POBRE, O CEMITÉRIO

RECEBE DO MESMO JEITO.