domingo, 29 de novembro de 2015

A mulher que deu tabaco na presença do marido

Autor: Gonçalo Ferreira da Silva.



Quem perde o tempo no mundo
Só com conversa fiada
Bota falta em todo mundo,
Não nota virtude em nada
Se acaso engolisse a língua
Morreria envenenada.

Às vezes contam estória
Que nem sequer faz sentido
Que no dia de São Nunca
Talvez tenha acontecido
Da mulher que deu tabaco
Na presença do marido.

Dona Juca era dotada
De perfumado sovaco,
E quem ferisse uma perna
Numa queda ou num buraco
Ela curava a ferida
Com o seu próprio tabaco.

Quando ela via uma
Desventurada pessoa
Horrivelmente gripada
Soltando espirros à toa
Dava o tabaco e aquela
Enferma ficava boa.

Seu marido Mororó
Dizia: - Você me insulta,
Quanto mais dá seu tabaco
Mais a multidão se avulta
Assim, ou para com isso
Ou eu vou cobrar consulta.

Mas Dona Juca dizia:
- Essa bobagem não faça,
Quando eu tenho algumas pratas
Você bebe de cachaça
Cobre pelo seu trabalho
Meu tabaco eu dou de graça.

Pau da vida, Mororó
Respondeu: - Aqui ninguém
Vai mais pedir seu tabaco
Pois pra mim não pega bem
Quem pedir o seu tabaco
Você diga que não tem.

Porém como aquilo tinha
Que acontecer um dia
Quanto mais passava o tempo
Mais a multidão crescia
Procurando a Dona Juca
Em magistral romaria.

Pra mostrar que Dona Juca
Tinha mesmo grande prova
Basta dizer que uma velha
Já com os dois pés na cova
Foi visitar Dona Juca
Pra pedir pra ficar nova.

Dizia a velha aos presentes
- Não pensem que sou maluca
sou velha porém não tenho
qualquer problema na cuca
tenho fé no milagroso
tabaco da Dona Juca.

E disse mais a velhinha:
-Todo mundo tem fé nela
não há esse que não queira
ao menos sonhar com ela
pedir pra sentir o cheiro
que tem o tabaco dela.

Conselhos de medicina
Da nossa grande nação
Pediram que o governo
Procedesse intervenção
De Juca o curandeirismo
A pronta proibição.

A população local
Lançou logo um manifesto
E contra a proibição
Uma nota de protesto
Achando que o conselheiro
Devia ser mais modesto.

A imprensa curiosa
Rádio, TVs e Jornais,
Volantes de reportagens,
As emissoras locais
Mandaram à casa de Juca
Os seus profissionais.

Muitas pessoas movidas
Por humanos sentimentos
Na casa de Dona Juca
Armaram acampamentos
Assistindo a cobertura
De tais acontecimentos.

E os poetas distantes
Da vigilância do rapa
Faziam suas propagandas
Enquanto bebiam garapa
Exibindo seus folhetos
Com Dono Juca na capa.

Numa bengala escorado
Um doente entrou na sala
Quando cheirou o tabaco
Readquiriu a fala
Pra provar que ficou bom
Rebolou fora a bengala.

Contente da vida, ele
Por ter salvo a sua vida
Graças ao santo tabaco
Da Dona Juca querida
E esta era por todos
Sinceramente aplaudida.

Nunca a fama de um vivente
Depressa se espalhou tanto
Nos quatro cantos do mundo
O seu nome em cada canto
Desfrutava do respeito
Do mais milagroso santo.

Quando nem a medicina
Dava esperança sequer
Ao enfermo, ele inda tinha
Uma fezinha qualquer
No tabaco milagroso
Daquela santa mulher.

E a própria natureza
Como que para testar
O poder que possuia
O tabaco de curar
Fez aparecer doenças
Muito estranhas no lugar.

Por exemplo na cabeça
Dum sujeito ainda moço
Apareceu certo dia
Uma espécie de caroço
Um par de colossais chifres
Um mais fino, outro mais grosso.

O rapaz, secretamente,
Foi ao lar de Dona Juca
E disse: - Um dia eu senti
Na testa uma dor maluca
Depois nasceu esses troços
No alto da minha cuca.

Dona Juca disse: - O meu
Tabaco pode curar
Porém a sua mulher
Terá que colaborar
Pois do jeito que ela faz
Nem adianta tentar.

Este negócio de chifre
Não é um costume novo
Eu esfrego meu tabaco,
Ela pede fumo ao povo,
Eu sei que existe a chuva
Porém eu mesmo não chovo.

O rapaz chegando em casa
Disse pra Conceição:
-O milagroso tabaco
me tira desta aflição
no entanto é necessário
sua colaboração.

Conceição disse assustada:
-Colaborar? Como assim?
Não dê mais o seu tabaco
Não seja assim tão ruim...
É você dando o tabaco
E nascendo chifre em mim.

Aí Conceição cortou
Os males pelas raízes
E o pobre rapaz dos chifres
Também superou as crises
Viveram oitenta anos
Extremamente felizes.

Dona Juca recebeu
Parabéns do Doutor Zeca
Que fizera experiência
Com sua própria cueca
E não conseguiu nascer
Cabelo em sua careca.

Passando a careca
No tabaco prodigioso
Ficou cabeludo e Zeca
Se tornou em fervoroso
Romeiro de Santa Juca
Do tabaco milagroso.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Um dia o amor chegará

Uma coisa vou falar
Você é sempre uma surpresa
Um dia me dá um grande beijo
No outro cê não me deseja
E assim me mantém ligado
À você com uma tristeza.

Pergunto por que faz isso
Eu mesmo não sei dizer
Mas te desejo para mim
Isso eu posso fazer
Por dentro com uma esperança
Que uma hora vais me querer.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Récorde ou recorde?




Eu nunca havia percebido
Como tu estavas discorde
Você como sempre fala
Mesmo que nunca concorde
Não se deve falar récorde
Mas sim a palavra recorde.

Achei isto o maior barato
Porque ninguém me ensinou
Eu sempre escutei récorde
Até que alguém despertou
O certo é falar recorde
Um estudioso me mostrou.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Convite para beber no Dia de Finados

Gerson Odilon Pereira. O meu amigo Célio Rodrigues me chamou para tomar cerveja hoje. Ele adora cerveja.

Nossa vida é alucinada

Hoje queremos contar com a sorte
E demorar pra encontrar a morte 
E se é para ser feliz, que assim seja. 
Vamos beber o morto, nunca esquecer da cerveja.
Nessa vida tão profunda
Não ser feliz é coisa imunda.
Pra terminar e pra não ficar bebinho,
Tratemos todos com carinho. 
Vamos marcar um churrasquinho      

(Célio).



Não gosto de chamar morto
Prefiro o termo finado
De longe é muito mais fino
Elegante e educado
Porque assim essa cerveja
Descerá mais arredondado.
A cerveja é muito boa
Mas eu só bebo um tiquinho
Às vezes parece amargo
Pra quem bebe de pouquinho
Gosto mesmo de beber
O maravilhoso vinho.

(Fabiano Timbó)

O vinho é muito bom.
Se bebe sem fazer careta.
Sem inventar moda ou tirineta.
Não posso beber sozinho.
Se não for por mal caminho.
Te acompanho em um bom vinho.

(Célio)

Este é o melhor caminho 
Para quem é requintado 
É wisky, é champanhe 

É o vinho importado 
Mas pra quem é do povão 
Não precisa restrição 
Tudo fica do agrado.

(Gerson)

Se é cerveja, vai de grade
A gente bebe até tarde
Quem deseja ser requintado
Mas sem dinheiro é coitado
Toma Quinta do Morgado
Não é por ser baratinho 
Que deixa de ser um bom vinho. 😛

(Célio)